No Ônibus...

Belo Horizonte, 29 de fevereiro de 2024.

Um ônibus ligeiramente cheio, exalando

aquele cheiro de cachorro molhado,

por causa da chuva que chorava sozinha...

(entra a protagonista do brumado teatro)

De repente, tudo que era cinza e sem vida,

logrou dos raios de seus cachos dourados

uma cor nunca antes vista. E teus olhos dados

ao mundo por graça divina, pintaram o cenário...

(entra em cena vários véus de sedas coloridas)

Pois, até os vidros das janelas, sujos de gordura,

ganharam um propósito belo. Visto que a luz perpassa

no tom perfeito para destacar essa tua pele pura.

Até o azul sem brilho dos bancos ganhou fulgor...

(A cortina fecha e abre, indicando o tempo que passa)

Belo Horizonte, 18 de maio de 2024.

Hoje, finalmente, vejo todo o quadro...

Não era em si, o brilho da deusa

que trazia luz, mas a Luz era causa

da existência dela!