OLÊNCIA (Lírios Brancos)
Entorpecido demasiado,
Com teus lábios que pronunciam,
Palavras dos quais ouço hipnotizante,
Tendo minha voz, por completo, emudecido.
Passa avante e sem medo,
A frente dos meus sonhos mutáveis,
Somente para que eles não caem,
Na tentação de vir, porventura, a esquecer-te.
Por que, senão, terei que ir ao Templo de Delfos,
Com uma insaciável loucura insana dentro de mim,
Pedindo desesperadamente ao Oráculo que,
Disse-me o que fazer para manter-te aqui!
Quero, pois mergulhar no mar,
E ver-te caminhando sobre ele,
Vindo em minha direção com suavidade,
Enquanto nadava, sentindo a brisa,
A mesma a tocar o teu venerável rosto.
Deu-me neste instante,
Na escrita de meus olhos fixos,
Nos pormenores que tens dado em substância,
A lembrança, deleitosa, e expressiva,
Do herói Perseu, e da princesa Andrômeda.
Sois com tanta certeza,
A bela da magnífica Etiópia,
Que ao monstro Ceto fora em sacrifício oferecida,
Mas que bravamente, este o salvara do cruel destino,
Ao derrotar a fera que a devoraria, quando presa numa rocha,
Acorrentado estivera, para que pudesse ser consumida.
Diante desse feito, eis que sou eu,
O que resgatou-te para sempre,
Ou será que fora o contrário?.
O que de fato era até prudente, mas,
Em Argos, é que pude com efeito,
Encharcar-me de tua olência.
Poema n.3.123/ n.94 de 2024.