Onça pintada negra
Na mata, na caatinga, o breu; ouro de bromélias
De feemeza masculina, o brilho invertido;
Ela que, fosca, negra, luz que pintada, teima
O rútilo desejo no corpo entorpecido.
Salto que rapina, assalto, golpe; boca de lua.
Ancora o sonho à carne, à unha. Sol nordestino,
Retesa o pelo, negro de lâmina, que, agora, ulha,
acampa a brasa, newtoniana, onça-égua, pelo de agulha.
Bicho felino, de macheza nua, nordestina
Que, preta, impiedosa, mais ideia que animal
come o azul, mastiga os versos, devora eu
que, branco, encrespado, viro bicho mau.
Boca em brasas, só beijos, funge a noite em labareda.
Quebra o óculos, amola a faca, despe-se toda em cana ou seda.
Onça-pintada-negra que rumino, sina do poeta, laços do meu destino;
—Enlaça-se em Pernambuco, um animal nordestino.