Nossa Tribo (Versão III)

Nos teus olhos, o frescor das manhãs repousa,

uma doçura intocada, oculta sob o véu de teus cabelos,

lisos como os rios que serpenteiam as matas.

Ali, o calor do teu corpo índio guarda segredos ancestrais,

gravados nas curvas vulcânicas de tua essência.

Sigo as trilhas que teus pés descalços desenham,

onde o chão é testemunha de tua passagem.

O pio da mata guia meu desejo errante,

e tua pele, camuflada pelo mistério,

aprisiona o espírito do forasteiro.

No pomar do nosso encontro,

o tambor do teu coração ecoa.

Cada batida é um chamado,

um som que rasga o silêncio

e revela o caos harmonioso da tua selva interior.

A cachoeira, tua cúmplice, chora e canta,

como teu peito, que guarda batalhas e ternuras.

Nas águas que deslizam pela rocha,

há abraços e despedidas,

um conflito entre força e entrega.

Teu olhar é o crepúsculo,

uma transição entre o fogo do dia

e a calmaria fria da noite.

Há um abismo delicado no teu silêncio,

um eco que me envolve e me consome.

Entre coqueirais, tua rede balança,

uma dança que acolhe e repele.

Sou o navegante perdido no teu oceano,

um mar Pacífico que me acolhe e devora,

sem promessa de retorno.

Tua presença é mais que terra, água ou vento;

é a própria natureza pulsando em mim.

E eu, estrangeiro e amante,

sou apenas parte do ritual

que tua tribo inscreveu na eternidade.

João Paulo Leal e Renato W Lima
Enviado por João Paulo Leal em 21/12/2024
Código do texto: T8224040
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.