Nossa Tribo (Versão III)
Nos teus olhos, o frescor das manhãs repousa,
uma doçura intocada, oculta sob o véu de teus cabelos,
lisos como os rios que serpenteiam as matas.
Ali, o calor do teu corpo índio guarda segredos ancestrais,
gravados nas curvas vulcânicas de tua essência.
Sigo as trilhas que teus pés descalços desenham,
onde o chão é testemunha de tua passagem.
O pio da mata guia meu desejo errante,
e tua pele, camuflada pelo mistério,
aprisiona o espírito do forasteiro.
No pomar do nosso encontro,
o tambor do teu coração ecoa.
Cada batida é um chamado,
um som que rasga o silêncio
e revela o caos harmonioso da tua selva interior.
A cachoeira, tua cúmplice, chora e canta,
como teu peito, que guarda batalhas e ternuras.
Nas águas que deslizam pela rocha,
há abraços e despedidas,
um conflito entre força e entrega.
Teu olhar é o crepúsculo,
uma transição entre o fogo do dia
e a calmaria fria da noite.
Há um abismo delicado no teu silêncio,
um eco que me envolve e me consome.
Entre coqueirais, tua rede balança,
uma dança que acolhe e repele.
Sou o navegante perdido no teu oceano,
um mar Pacífico que me acolhe e devora,
sem promessa de retorno.
Tua presença é mais que terra, água ou vento;
é a própria natureza pulsando em mim.
E eu, estrangeiro e amante,
sou apenas parte do ritual
que tua tribo inscreveu na eternidade.