O EGOÍSMO DO AMOR

Você,

um mundo inteiro em um corpo,

onde minha razão se deita e acorda.

Não é pela leveza de um ideal,

mas pelo peso do desejo,

pela tempestade que sua presença provoca

na calmaria dos meus dias.

Há quem diga que o amor é dádiva,

mas o que sinto é fome.

Fome do calor que sua pele guarda,

da curva do seu sorriso,

do som que sua voz desenha no ar.

Não é virtude, é vício.

Eu te quero não pelo que você é,

mas pelo que me faz ser.

Ao seu lado,

não sou altruísta nem abnegado.

Sou um ladrão de momentos,

um arquiteto de vontades.

Se te faço sorrir,

não é pela sua felicidade,

mas porque seu riso ilumina o labirinto

onde escondo minha própria solidão.

Você não é um reflexo de mim,

mas o espelho onde me reconheço.

E juntos, somos duas chamas

que queimam pelo mesmo fogo —

não para aquecer o outro,

mas para existir na intensidade

que só o desejo conhece.

Não há nobreza no que sinto.

Meu amor é faca de dois gumes,

que corta e abraça ao mesmo tempo.

É um pacto que não precisa de palavras,

um ímpeto que não conhece redenção.

E, no final,

seja isso amor ou egoísmo,

só sei que é verdade.

Porque quando estou com você,

o mundo se desfaz,

e o que resta

sou eu,

sendo seu.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 20/12/2024
Código do texto: T8223654
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.