A Moça do Pedágio
No asfalto que corta a distância,
entre a carga e a solidão,
o caminhoneiro seguia,
com poeira no coração.
No pedágio, uma pausa breve,
entre o peso do dia e a pressa.
Foi então que viu a moça,
um sorriso que lhe atravessa.
Seus olhos claros como o céu,
brilhavam num breve instante.
E ele, rústico e calado,
sentiu-se um pouco galante.
“Boa viagem,” disse ela,
num tom que soava um canto.
E ele, sem jeito, respondeu,
com voz rouca de tanto pranto.
Pagou o pedágio e partiu,
mas no retrovisor, quis olhar.
E viu, com um aceno tímido,
a moça a lhe desejar.
Um tchauzinho que guardou,
mais que ouro ou estrada.
Era o calor de um momento,
que o destino não devolvia nada.
Seguiu viagem, pensativo,
com saudade do que não viveu.
A moça ficou no pedágio,
mas em seu peito nunca se perdeu.