Pesadelos

Sinto o calor dos seus dedos

desaparecer da minha pele,

tão lentamente como uma única gota

de chuva que faz seu caminho pelo lado

de fora da janela e parece que

nunca vai chegar ao chão.

Mas chega. E eu sinto frio.

Mas o sangue é quente,

cortesia da natureza.

Obrigada por não me deixar congelar

com a frieza do quase amor.

Eu te assisti ir embora

para milhares de destinos diferentes;

já te vi mergulhar no Atlântico,

te vi correr por entre a floresta,

te vi desaparecer em direção ao sol

e senti sua luz me cegar os olhos,

te vi vagando pelo espaço,

como eu mesma já fiz muitas vezes

no passado,

e quis estar ao seu lado;

mas, por algum querer do destino,

eu despertei,

e quando adormeci novamente,

já não mais te vi

e só senti um frio intenso percorrer

todos os caminhos do meu corpo

e senti calafrios ao observar

o nascer de mais um dia

sem a sua companhia

que me fez tanto te gostar.

Quando acordei, senti as lágrimas

me lavarem o rosto,

tão rápidas quanto gotas de chuva

caindo ferozmente do céu,

e sequei o choro sozinha,

e prometi à mim mesma,

entre soluços abafados

e autoabraços apertados,

que nunca mais serei nenhum troféu.

Prometi que aceito o chamado do amor,

de escrever sobre ele em suas formas

mais bonitas, mas nunca vivê-lo.

Queria que a sua companhia não

se restringisse apenas à minha imaginação,

mas sempre ouvi que sofrimentos

nunca são em vão,

espero, ao menos um dia, entender então.