Errando
Ainda quero matar o constrangimento
De nadar nua no lago do teu lirismo
Ainda quero te amar com consentimento
De tanta esquiva chegar à dança no teu abismo
Recuperar as borboletas do primórdio
Quando não conhecia tantos defeitos
Lamber meus dedos ao comer teu ódio
E me sujar te odiando aos beijos
Extender meu ego e os meus caprichos
Me exibir fora do sonho nítido
Na euforia que acalenta os livros
Te ter bem perto e debochar os riscos
Estóica hoje, me acolho no leito
E peço a Deus um amanhecer mais óbvio
Com teu convite dito do meu jeito
Descrevo um epílogo bem ignóbil
Depois de errar inúmeras vezes
Sem planejar, sem querer isso
Ainda quero essa falha de meses
Errando uma vida inteira comigo.