Fardado Para o Amor

Era uma noite fria, de lua escondida,

Patrulhava as ruas, cumprindo a missão,

Quando avistei, na sombra, perdida,

Uma jovem errante que pedia atenção.

De olhar desafiador e coração ferido,

Ela não fugiu nem negou seu lugar,

Com mãos trêmulas, porém sem ruído,

Aceitou as algemas sem nem hesitar.

Enquanto o aço tocava seus pulsos,

E o silêncio pesava no ar tão denso,

Vi nos olhos dela os ecos de impulsos,

Uma dor contida, um amor suspenso.

No camburão, entre nós, só distância,

Mas no peito nascia um estranho calor,

Eu, fardado, cumprindo minha constância,

E ela, algemada, sem esconder o temor.

Porém, o destino tem seus próprios planos,

Transforma as algemas em laços tão firmes,

O amor surgiu, contra regras e enganos,

Fez-se poesia no que era sublime.

Ela riu um dia, do que parecia ironia:

"Quem diria, amor, no frio daquela prisão,

Que algemas trariam a maior alegria,

E um policial roubaria meu coração?"

Hoje a farda é símbolo de luta e verdade,

Mas também do amor que um dia encontrei,

Pois no dever, descobri a saudade,

E nos olhos dela, por quem me apaixonei.

Fardado para o amor, por ela escolhi,

Entre a lei e a vida, fiz meu juramento,

Pois quem diria que naquela noite eu vi

O crime perfeito: roubar meu sentimento.

Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 17/12/2024
Código do texto: T8221232
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