Blasé
Deixo registrado as idas e vindas de um amor,
onde o coração aprende a se esconder na indiferença
como se nada pudesse mais afetar.
Cada vez mais, é fácil fingir que nada me toca,
como se a alma já tivesse se acostumado ao abandono.
[do meu abandono]
Mais uma vez, é ir sem olhar para trás,
como se o passado fosse um peso insuportável a carregar,
mas, que com a caminhada ao longo dos dias
o peso fica mais leve e confortável de carregar.
Para que tudo se transforme em apenas idas,
sem mais vindas, sem mais miragem.
E mesmo assim, como pode alguém ser dono de um lugar
onde ela não está?
[ amor ordinário]
E no fundo, sabia-se,
dentro do seu olhar,
você já estava indo
mesmo quando ficava.
E no final, virou
puro fruto de um blasé.