Blasé

Deixo registrado as idas e vindas de um amor,

onde o coração aprende a se esconder na indiferença

como se nada pudesse mais afetar.

Cada vez mais, é fácil fingir que nada me toca,

como se a alma já tivesse se acostumado ao abandono.

[do meu abandono]

Mais uma vez, é ir sem olhar para trás,

como se o passado fosse um peso insuportável a carregar,

mas, que com a caminhada ao longo dos dias

o peso fica mais leve e confortável de carregar.

Para que tudo se transforme em apenas idas,

sem mais vindas, sem mais miragem.

E mesmo assim, como pode alguém ser dono de um lugar

onde ela não está?

[ amor ordinário]

E no fundo, sabia-se,

dentro do seu olhar,

você já estava indo

mesmo quando ficava.

E no final, virou

puro fruto de um blasé.

Anna Gonçalves
Enviado por Anna Gonçalves em 16/12/2024
Reeditado em 17/12/2024
Código do texto: T8220474
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