Luz que me revela

Há uma estrela da meia-noite em mim.

Sua luz dança no sorriso tímido

que nasce ao vê-la,

mesmo velada por sombras.

Desejo tocá-la, abraçá-la,

mas sinto o peso da impossibilidade.

Asas não tenho,

nem mesmo quando finjo acreditar

que sou algo real.

A verdade se revela,

implacável, no pulso do tempo,

desmontando, aos poucos,

a frágil arquitetura da minha mente.

O tempo, jardineiro incerto,

carrega sementes de esperanças,

mas nada parece mudar.

Mesmo que ela me ame...

Não! eu insisto em me trair,

lutando contra um pessimismo voraz

que devora os dias que escolhi não viver.

Minha presença se dissolve na ausência,

exilada do meu próprio coração.

E, ainda assim, a estrela permanece.

Imóvel. Constante.

Sua luz, teimosa, brilha

sobre partes em mim que nego existir.

Ela ilumina o que há de bom,

o que eu rejeito,

mas talvez seja real.

Abraço essa possibilidade,

não importa se é verdade ou ilusão,

porque, através de seus olhos,

enxergo algo que nunca soube ver:

quem eu sou.