O AMOR EM SEUS FRAGMENTOS

O amor, dizem, é uma alma partida,

habitando dois corpos, costurando fragmentos

que o tempo tenta diluir.

Mas nos olhos que se encontram,

há algo além do simples olhar;

o universo, cúmplice e invisível,

murmura baixinho,

reconhece o que o toque não pode alcançar.

Nos dias comuns, o amor se veste de rotina,

mas sua cor nunca é simples —

é a cor da poesia

que se esconde em um café compartilhado,

em risos suaves ao fim da tarde.

Ele transforma a brisa em alento,

o silêncio em casa,

e cada gesto, por menor que seja, vira abraço.

Mas o amor, como o vento,

não se alimenta apenas de suavidade.

Em seus olhos, há tempestades.

Quando os corações se desencontram,

as palavras caem pesadas,

a distância vira abismo,

mas entre o vazio, resta uma escolha:

voltar, reconstruir a ponte quebrada pelo orgulho,

buscar a chama que, apesar do vento,

ainda arde.

É uma dança de reencontros, de respirações entrecortadas,

de pedaços que se encontram,

perdem-se e se reencontram,

mas que nunca deixam de ser um só.

O amor não é medido pela ausência,

mas pela persistência de escolher

mudar a dor em aprendizado,

e o erro em abraço.

No final, o amor não é uma ilha,

mas a maré que retorna à praia,

construindo sua própria areia.

Ele é cada pedaço de tudo o que somos,

cada respiração de uma alma que,

em meio aos seus próprios ventos,

decide se entregar —

não à perfeição,

mas à beleza de tentar, sempre.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 14/12/2024
Código do texto: T8219216
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