O AMOR EM SEUS FRAGMENTOS
O amor, dizem, é uma alma partida,
habitando dois corpos, costurando fragmentos
que o tempo tenta diluir.
Mas nos olhos que se encontram,
há algo além do simples olhar;
o universo, cúmplice e invisível,
murmura baixinho,
reconhece o que o toque não pode alcançar.
Nos dias comuns, o amor se veste de rotina,
mas sua cor nunca é simples —
é a cor da poesia
que se esconde em um café compartilhado,
em risos suaves ao fim da tarde.
Ele transforma a brisa em alento,
o silêncio em casa,
e cada gesto, por menor que seja, vira abraço.
Mas o amor, como o vento,
não se alimenta apenas de suavidade.
Em seus olhos, há tempestades.
Quando os corações se desencontram,
as palavras caem pesadas,
a distância vira abismo,
mas entre o vazio, resta uma escolha:
voltar, reconstruir a ponte quebrada pelo orgulho,
buscar a chama que, apesar do vento,
ainda arde.
É uma dança de reencontros, de respirações entrecortadas,
de pedaços que se encontram,
perdem-se e se reencontram,
mas que nunca deixam de ser um só.
O amor não é medido pela ausência,
mas pela persistência de escolher
mudar a dor em aprendizado,
e o erro em abraço.
No final, o amor não é uma ilha,
mas a maré que retorna à praia,
construindo sua própria areia.
Ele é cada pedaço de tudo o que somos,
cada respiração de uma alma que,
em meio aos seus próprios ventos,
decide se entregar —
não à perfeição,
mas à beleza de tentar, sempre.