As primaveras, as flores e os beija-flores
Por um instante, num diálogo entre o meu Eu comigo mesmo, me fez refletir...
Fiquei pensando que o máximo que podemos ter são 70 primaveras
É um número razoável, contabilizado, deduzimos sobre o quanto a vida é breve!
Pode ser que tenhamos 80 primaveras, por que não 90 ou até mais?
Minha avó está na 90ª primavera, mas há 17 não tem sido a primavera que sonhou
A solidão, a saudade, as lembranças do amor que partiu permanecem intactas
Seu jardim está mais triste, as flôres sem brilho e encanto, quase sem cor
As lágrimas não são das chuvas, mas do coração que sofre e chora
Não é uma primavera florida como deveria, colorida, cheia de vida
Mas com poucas flôres, poucos pássaros, quase não há mais borboletas
Será que isso acontece com todos nós ou é um fenômeno que passará?
Por que será que depois das setentas primaveras
Os sentimentos são calafrios, são vazios, talvez medo do que nos espera no fim?
Por que será que as primaveras não são tão alegres
Parecem menos vívidas, com menos chuvas, com menos cores
Tristonhas ou talvez mais chorosas, menos floridas
E assim, o tempo vai passando e a gente vai se inventando,
Buscando forças onde não existem e criando novas palavras
Talvez as palavras que existam não dêem mais conta do que sentimos
Ou talvez porque nossas primaveras são finitas, raras ou indistintas
Eu fico pensando como vai ser a paisagem quando completar a minha 69ª primavera...
Qual será a cor desse horizonte? Se vou poder ouvir o cantarolar dos pássaros?
Se meu jardim terá vida, se sentirei o perfume das flôres?
Sei que estaremos mais sábios, porém, mais próximos do fim, da partida
É um sentimento de melancolia que me invade e num instante, uma chuva fina aparece
Espero que outros possam ter primaveras mais intensas, mais coloridas,
E que o mar seja o ponto de partida e nunca de despedida
Por incrível que possa parecer, embora esteja num lugar tão bonito
Depois de falar dos pássaros, das flôres, das borboletas,
Eis que surge na copa de uma bela árvore repleta de flôres amarelas,
Um lindo beija-flor, não sei qual recado me traz, mas, me sinto feliz por vê-lo.
Dedicatória: A Sabrina Barroso - Itapuí/SP