Sizígia

Pedi à Lua que te cuidasse.

Você era (é?) a minha lua,

espero que ela te entregue a mensagem.

Ou espero que consiga sentir minha angústia

por não te ver,

esteja onde estiver.

A angústia dos amantes,

que não pertencem

e tampouco têm pertences,

mas, mesmo assim,

de alguma maneira,

conseguem sofrer,

e padecer,

e implorar

por um simples e pequeno lugar.

Espero que a maré mais ampla

seja a maior distância entre nós,

e que teu desejo cresça

com a crescência da Lua.

Mas, se for da tua vontade

perder-se em meio ao Atlântico,

e viver eternamente em Quadraturas,

que nunca se esqueça do seu tamanho,

e não se abale,

e não se mingue por quaisquer torturas.

Espero que sinta a paz com o toque

macio da areia aos teus pés,

e espero que chegue a tua vez

de amar.

Deve ser magnífico assistir o amor

saindo do mar.

Leve, como a brisa;

marcante, como o sol;

e forte, como a vida.

Tudo o que posso fazer é esperar,

porque já não mais escuto tua voz

ouvindo o vento da noite me atravessar.

Mais uma volta da Terra

ao redor do sol desde que nasci,

um par de décadas e mais alguns anos,

e ainda não sei o que é real.

Não tenho mais esperanças.

Tudo o que guardo em minha caixa

de lembranças são quase conquistas,

e vejo o amor cada vez mais distante,

me fugindo de vista,

como um barco que desaparece no horizonte

e nunca mais se tem notícia.