LIVRO DO AMOR

Era uma passagem de fim de mundo ou foi rasante de querubim

do ovo perolado o sangue explodiu como champagne

e o vagabundo nasceu -velho, como ao carrasco dizer sim

Mas, o que interessa cosmonáutica e política sem motivo?

Uma Branca de Neve na república vive a esmolar

mas só o Coringa tira da manga a carta com o olho de vidro

Erigi templo ao rei do mar

ao invés de sereia o Dilúvio trouxe carcaça de navio e baús cheios de sal

Olhei a mulher lavando sonhos na beira da estrada

ninguém se atreva a dela falar mal

o General enfeita as fórmulas quânticas que não entende com as penas que o pavão deixa p'ra trás

Outrora na viola nascia o repente

mas o que fazer quando dos átomos caem cinzas e o som zás?

Em cada porto um código secreto

entendeu porque o céu exige inteligência e pune o esperto?

Atravesso o imenso lamaçal carregando motor nas costas

onde o sol é escutado e nunca sentido

Encontrei a lágrima da amada na ostra

por que as mulheres que dançam na tenda

recolhem o que restou de lucidez em oferenda

Retirado do Livro do Amor

qualquer referência à vergonha

decorei com rubor o sexo que entrego sem lembrança tristonha