Seu coração descansa onde pertence
Eu estou perto do pequeno Getsemani
onde todo dia passo de carro
Meia volta, após uma esquina.
Eu sou como o super homem, nas palavras de Nietzsche.
Um rebelde indomável, enfant terrible.
Como pode Rimbaud?
Por tudo a juventude tão rendida
Mal comecei e já me enfadei da vida.
Eu não sou Elias e nem João
sou apenas a lógica encarnada da grande salvação
Um louco perdido.
Sou a média ponderada da geração maldita, o pináculo das palavras nunca ditas.
"Eu sou como um Deus"
Eu passei por aquela praça
onde eu te via chorar
Enquanto, você se debruçava no ombro de seu amor.
Eu fechei minha porta,
eu já não mais podia.
Como no fim de A Montanha Mágica,
"adeus das trincheiras, mas Adeus como um tiro?"
Do Getsemani ao Gólgota
Me atravesse pela espada
Uma mulher me lamenta como em Pietá
E como um pássaro me elevam ao céu
E se o sol não lhes cegar
podem por favor, me ouvir gritar
"Eli Eli, lamai sabcatani"
Deus meu, por que desamparaste?
Eu estou abismado pelo resultado
Jogam se pedras em mim culpado.
Não havia em mim formosura
quem me olha, não me deseja.
Sou tão ordinário como o vento.
O médico pode curar a si mesmo?
Quem manieta e transpassa
não lhes cabe a porção das migalhas.
Se não disse o que você queria ouvir
pode me contar tudo na minha próxima vinda.
"Não acredite em si"
-- A morte traga o entendimento!
Desacredita de fé e diz:
"do pó viemos e voltaremos."
A alma é o fundamento da vida
O corpo é o entalhe da existência
E o espírito é a vida em si.
Mas seu coração
descansará onde pertence.