POSSANTE

Não tenho tatuagem nem músculos definidos

perdido nos becos e invisível à felicidade dos ricos

aprendo a esconder sentimentos na vadiagem

Nenhuma moto reluzente é tão possante quando pés calejados

mas o coração uiva a solidão da estrada quando o socorro vem de ninguém

e apenas o passado brilha aos olhos desenganados

Coroado pelos idiotas como sair da grota

sem a mochila manchada pelos segredos

onde seguir sem a bússola dos medos

como arrancar do agiota a chave do terror sem uma boa anedota

Assim, desconjuntado e triste conheço a guerra pela viagem

a beleza me é negada assim como o vinho e o conforto infinito

e apenas a sombra é companhia quando escorre o sangue encerrando o rito