Arrebata-me!

Tua boca me consome em apelo sensual,

Teu lábios vermelho-carmim generosos,

Um convite assinado ao pecado, por igual

Tuas pequenas mãos coroadas vermelhas

Às pontas dos dedos cintilando centelhas

Desafiam instintos bons guardados meus

Teu elegante passo mimoso e equilibrado

O salto fino arremate do sensual torneado

As pernas, incomum feminilidade, firmes

O ventre teso e fresco, encimando soberbo

Desejado monte vênus pubiano decantado,

Eu em frêmito incontido, deveras enlevado

Intuo, adivinho quão doces serão teus seios

Macios às carícias de toques já sem receios

Então íntimos de lábios e mãos ciosos meus

Teu semblante ponteado por amoroso sorriso

Dentes alvos a rebrilhar tuas luzes interiores,

O nariz denotando brio, adequado e tão exato

Eu descrevo de memória o teu perfil amado

O tenho guardado, já aprendido e decorado,

O desenho mesmo de olhos fechados. Sabes

Teu colo, teu dorso, tua visão por detrás só

A perfeição (que não há!) poderiam igualar

E ainda, se me queres, duvidas que te ame!

Teus versos e o espírito de deusa neles, ah!,

Fizeram-me, antes de vê-la, assim apaixonar.

O corpo, teu corpo, acabou por me arrebatar.