Incógnita
Eu queria que fosse você,
Com suas piadas ruins, que me faziam rir,
Com as nossas piadas internas, que ninguém vê,
Com as coisas que faziam a vida ter mais cor, enfim.
Eu queria tanto que eu significasse tudo,
Que você significou pra mim, com tanto fervor,
Queria que nossa tatuagem fosse mais que um desenho,
Que ela tivesse o mesmo peso, o mesmo amor.
Nas vezes que dormimos juntos, debaixo do mesmo teto,
Queria que sentisse o que eu senti no meu peito,
Mas pra você, talvez fosse só o certo,
E eu aqui, perdida, esperando o mesmo efeito.
Eu queria que, ao acordarmos juntos na feira,
Tomando café, o mundo fosse só nosso,
Mas você não viu, não sentiu, e eu aqui, à beira,
Esperando o que nunca viria, tão distante, tão fosco.
Das vezes que você tocou violão pra mim,
E eu, com a alma em brasa, ouvi a melodia,
Queria que fosse mais do que um simples fim,
Que tivesse ficado, mas se perdeu, como poesia.
Eu queria que o significado que você tem pra mim
Fosse o mesmo, o mesmo peso no seu olhar,
Que eu significasse pra você de forma sem fim,
Mas eu sou uma incógnita que você se esqueceu de amar.
Eu sou a saudade que você não percebe,
Sou as palavras que você nunca quis ouvir,
Sou o eco do que ficou, o que já não se atreve,
A ser lembrado, a ser vivido, a se existir.
Eu queria tanto que a nossa história fosse real,
Que o que passamos fosse eternamente nosso,
Mas agora sou só lembrança, um amor que ficou mal,
E você, pra mim, se foi, com o tempo, sem saber, sem rosto.
Nas noites que passamos, juntos e tão calados,
Eu queria que o silêncio fosse mais do que dor,
Mas você, distante, só me deixou com os olhos fechados,
Enquanto você seguia e eu me perdia em um amor sem cor.
Eu sou só um pedaço de mim que você ignorou,
E você, pra mim, ainda é o que sempre fui,
Eu queria ser mais do que a saudade que ficou,
Mas você, tão distante, nunca soube o que me destruiu.
E agora, eu sou só o vazio do que não foi,
O espaço que você deixou, sem querer, sem ver,
E você, o meu tudo, mas nunca o que se constrói,
E eu aqui, esperando, o que jamais vai acontecer.