Ecos do Pretérito

Na areia da Praia do Amor,

nossos passos ainda estão gravados,

mesmo que o vento insista

em levar contigo o tempo.

Ali, o silêncio grita tua ausência.

O bairro de Mataruna respira memórias.

Suas ruas, feitas de histórias simples,

são um labirinto onde me perco

procurando a tua sombra

entre as casas de portões baixos.

Sob o céu de Araruama,

o reflexo da lagoa me traz teu sorriso.

Era ali que a tarde se despedia,

quando o horizonte nos vestia de ouro

e o mundo parecia pequeno.

Os pescadores, em seus barcos,

observavam nossa dança

ao som das ondas leves.

Hoje, eles olham para o vazio,

assim como eu olho para dentro.

A brisa carregava tuas palavras,

e os coqueiros testemunhavam.

Agora, apenas o farfalhar das folhas

preenche os espaços que eram teus,

em um diálogo que já não me responde.

O sol cai lento em Mataruna,

como nosso último abraço.

A cidade, com seus muros coloridos,

ainda guarda os sorrisos que trocamos,

mas não as promessas que deixamos.

Araruama é um espelho quebrado.

Cada pedaço reflete uma parte tua,

e eu, vagando entre o passado e o agora,

sinto que a lagoa nunca seca,

mas o amor já não é o mesmo.

João Paulo Leal
Enviado por João Paulo Leal em 27/11/2024
Código do texto: T8206972
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