Ecos do Pretérito
Na areia da Praia do Amor,
nossos passos ainda estão gravados,
mesmo que o vento insista
em levar contigo o tempo.
Ali, o silêncio grita tua ausência.
O bairro de Mataruna respira memórias.
Suas ruas, feitas de histórias simples,
são um labirinto onde me perco
procurando a tua sombra
entre as casas de portões baixos.
Sob o céu de Araruama,
o reflexo da lagoa me traz teu sorriso.
Era ali que a tarde se despedia,
quando o horizonte nos vestia de ouro
e o mundo parecia pequeno.
Os pescadores, em seus barcos,
observavam nossa dança
ao som das ondas leves.
Hoje, eles olham para o vazio,
assim como eu olho para dentro.
A brisa carregava tuas palavras,
e os coqueiros testemunhavam.
Agora, apenas o farfalhar das folhas
preenche os espaços que eram teus,
em um diálogo que já não me responde.
O sol cai lento em Mataruna,
como nosso último abraço.
A cidade, com seus muros coloridos,
ainda guarda os sorrisos que trocamos,
mas não as promessas que deixamos.
Araruama é um espelho quebrado.
Cada pedaço reflete uma parte tua,
e eu, vagando entre o passado e o agora,
sinto que a lagoa nunca seca,
mas o amor já não é o mesmo.