Voo

Numa procura inconstante

Saí a caminhar, olhar e perguntar.

Encontrei o palco vazio e escuro,

Lá dois bailarinos bailavam.

Seus corpos eram plumas

Nas mãos da arte,

Suas roupas voavam no universo,

Pareciam penas,

Pareciam vivas,

Parecia que bailavam com eles.

A luz do sol invadia por uma brecha e

Iluminava suas almas.

Ele a equilibrava em seus passos,

Levando-a em direção ao sol.

Ela plena de Luz dava-lhe asas

Para içar vôo e chegar ao Céu.

Eu,

Mais próximo do sol fiquei,

Toquei os raios e

Senti meus pés pousarem

No chão empoeirado

Daquele pedaço de universo.

Eles deram-me as mãos

Elevando-me com a dança

Ao sabor daquilo que alimentava seu existir.

Dublei, dancei, nossos corpos fundiram-se.

Numa coreografia eterna,

Nossas almas eram caricaturas vivas

Exalando Deus para Deus.

Senti o paraíso rasgar-me o peito,

Tentei protestar e voltar,

De nada valeu,

O sangue escondeu as feridas

E fiquei cada vez mais próximo da humanidade.

Era um êxtase,

Minha respiração fluía

Suave e compassiva.

Olhei o sol e meus olhos

Perderam-se em tão grande imensidão,

Aterrissei meu olhar no palco

E ele estava vazio,

Não havia dança, nem gingado, nem passos...

Quase sem fôlego

Procurei o sol,

Não havia sol, nem brecha, nem raio...

Eu quis gritar,

Mas só havia paz.

Quis chorar,

Mas só havia plenitude.

Saí a caminhar, olhar e perguntar:

Seria Deus?

Altair Lisboa
Enviado por Altair Lisboa em 24/11/2024
Código do texto: T8204686
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