Mais que Tudo

Mais que tudo

você é o meu amor

fulgaz contudo

querer o teu calor

Interlúdio que vêm

sem que possa resistir

mais que tudo

a carne é ocasião

homicida de repente

que retém sem razão

E que deseja mais que tudo

e que quer acima do ter

por merecer ou sem merecer

como desejo fim de si mesmo

como paixão que afasta medo

Não tem vergonha e nem respeito

Não tem exagero e nem desprezo

E nem com vintém

se compra afeito

minhas mãos buscam

tanto se impor

ao jorro viril

do meu senhor

rosa da vela que atina a pele

brasa da pétala queima jocosa

o aniz âmbar em sua labuta

aperta o peito resta implorar

Na alquimia bizarra do toque

afeição medonha de dois corpos

No gozo vertigem lúcido

Confunde as entranhas e os nervos

Mais que tudo, quer de novo.

Ela te olha, cega.

Ele te escuta, surdo.

Ela grita, muda.

Ele te toca, sem tato.

Ela cheira, sem olfato.

Ao meu único rival

devo obedecer.

Na espiral decadente

de nossas vidas.

Em reverência a coincidência

me calei e escrevi