O manual do leito

Ele é um bom homem, de alma regrada,

Segue horários, lista tudo, agenda marcada.

Na mesa, debates, opiniões sensatas,

Mas no quarto… ah, no quarto, faltam bravatas.

É um marido exemplar, tão firme e correto,

Mas parece que esquece que o amor tem um teto.

Porque amar não é só ser bom cidadão,

Também é deixar bagunçar o colchão.

Ela, fogosa, de riso discreto,

Pensa: Como é que eu lido com um homem tão reto?

Com livros ao lado, e a luz sempre acesa,

Ele mais parece narrar uma empresa.

Então ela trama, com graça e cuidado,

Um plano sutil para o sério amado.

Troca o pijama, ajeita o cabelo,

Será que ele nota? Será que tem zelo?

Mas lá está ele, tão imerso no nada,

Falando da política ou da conta atrasada.

Ela ri por dentro, com certa ironia:

“Vou ter que assumir essa geografia.”

E quando ela tenta, com jeitinho brincar,

Ele diz: “Está tarde, amanhã vou acordar.”

O riso se perde, mas só por um instante,

Pois a mulher esperta não desiste do amante.

Na manhã seguinte, sem fala ou sermão,

Ela marca na agenda uma “reunião”.

Ele estranha: “Às oito, no quarto, só nós?”

Ela sorri: “É estratégia, amor, sem algo feroz.”

E quando chega a hora, ele entende o cenário:

Esse amor não precisa de horário ordinário.

Porque a vida é regrada, mas o leito, jamais,

E até o mais sério tem seus carnavais.

Ela venceu, sem grito ou moral,

Fez do leito um templo, mas nada formal.

Pois amar não precisa de termos complexos,

Basta rir, dançar, e esquecer os contextos.

Rebecca F
Enviado por Rebecca F em 20/11/2024
Código do texto: T8201602
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