A MENINA NA MENINA DOS OLHOS DO POETA
Antes fossem meus olhos,
Ou eu era poeta ...
Meus dedos eram longos
E tocavam teus cabelos.
E eu podia sentir meus lábios,
Ao encontro suave de tua pele,
Revelar-me o sabor do vinho
E fazer-me delirar.
Acompanhava a cadência do teu coração
E sentia o meu, ao bater, pronunciar teu nome.
Minhas mãos multiplicavam-se,
E multiplicavam também os desejos de possuí-la.
Chegava a te abraçar,
Sem que tu estivesses presente.
E envolto em teu aroma,
Punha-me a sonhar, no sonho, o sonho de amar.
Ai, pela menina do poeta!
Ai, pela menina dos olhos!
Ai dos meus ais, pelos meus olhos de poeta!