O Náufrago
Pelas noites vazias que dançam num passo doído,
Onde os sonhos se perdem em ecos de um beijo esquecido,
Teu olhar foi um farol que cegou minha alma cansada,
E agora sou naufrágio nas ondas da dor desvairada.
Por que o amor insiste em nascer no terreno da mágoa,
Regado de esperanças, mas colhendo espinhos e água?
Te busquei como quem busca o azul num deserto perdido,
E encontrei em teus braços o gosto de um céu interdito.
Como é amarga a calma que fica após a tempestade,
O silêncio que esconde o abismo de toda verdade.
E mesmo assim, te amo no escuro da minha prisão,
Pois amar é morrer, reviver e viver num só coração.
Se pudesse, roubava do tempo as horas vividas,
Reescrevia os momentos com penas de dores contidas.
Mas o que resta é só poesia que sangra em segredo,
O amor que é eterno na alma, e morre em um beijo.