Minha destinatária
Você me tira da condição
De morto-vivo
Mas não aqueles dos filmes de terror
Mas sim aqueles que andam, falam
E se comportam como nós
Pessoas desanimadas, desiludidas
Desprovidas de esperança
E tudo que o prefixo des- poderia
Tirar delas
Cada ação minha
Desde as mais complexas, feito teias de aranhas
Quanto as mais simples são feitas
Pensando em você
Meu andar, meu falar e meu realizar
São propulsionados
Pelo seu próximo olhar
A próxima vez que irei te ouvir
E cada promessa de abraço seu
Aquele seu abraço único, com sua assinatura
Todo esse coletivo que forma
Minha existência é como uma constante torrente de cartas
tendo você como destinatária
Eu só temo o dia
Que você ficará ausente
Pois não somente irei ficar ilhado
Em minha própria miséria emocional
Caso esse dia chegue
Como também serei um morto-vivo
Como qualquer outro
Sem razão para executar
Meus feitos
Minha única destinatária
porque se não for para você
Não é para ninguém