Minha destinatária

Você me tira da condição

De morto-vivo

Mas não aqueles dos filmes de terror

Mas sim aqueles que andam, falam

E se comportam como nós

Pessoas desanimadas, desiludidas

Desprovidas de esperança

E tudo que o prefixo des- poderia

Tirar delas

Cada ação minha

Desde as mais complexas, feito teias de aranhas

Quanto as mais simples são feitas

Pensando em você

Meu andar, meu falar e meu realizar

São propulsionados

Pelo seu próximo olhar

A próxima vez que irei te ouvir

E cada promessa de abraço seu

Aquele seu abraço único, com sua assinatura

Todo esse coletivo que forma

Minha existência é como uma constante torrente de cartas

tendo você como destinatária

Eu só temo o dia

Que você ficará ausente

Pois não somente irei ficar ilhado

Em minha própria miséria emocional

Caso esse dia chegue

Como também serei um morto-vivo

Como qualquer outro

Sem razão para executar

Meus feitos

Minha única destinatária

porque se não for para você

Não é para ninguém

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 17/11/2024
Código do texto: T8198885
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