Sem razão - poesia

Estávamos a sós, nós.

Lá, a música era outra:

riso frouxo e conversa fiada.

Não lembro de muito, admito,

mas lembro do olhar;

penetrava alma e espírito.

Matou e deu vida.

Quando perguntei 'por quê?'

Ela me respondeu,

com toda modéstia:

"sem razão."

Olhar tão singelo e puro,

Eu, pobre pecador,

Não combinava.

Mas continuávamos, porque, na verdade,

uma tarde ensolarada pode valer uma vida toda.

Mas a inexorável chuva acabou com tudo: só sobrou memória.

Tirou-me de lá e trouxe-me para cá.

Deu motivo pra tudo,

Pra chorar, só com contrato;

Pra rir, só sozinho.

Sem mais nem menos.

Atropelou. E eu morri.

É, sinto falta do sol da tarde de domingo,

quase choro.

Quando penso nisso,

sinto uma gota.

E volto a andar.

Davi Arruda Silva
Enviado por Davi Arruda Silva em 17/11/2024
Código do texto: T8198462
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