O Drama jamais superado

I

Durante quatro anos

Me engajei numa guerra

A qual jamais poderia vencer

Foi um tempo de doces quimeras

De alguma vã esperança

Com alguma sorte do destino

E um imenso peso da realidade

Assim, se perde a inocência

Com as ilusões que se consomem

Devido ao incontrolável pendor

Em crer naquilo que nunca existiu

II

Não se deve culpar o passado

Pela situação que agora, se vive

O hoje é o filho do que aconteceu

Mas, não é tão simples assim

Carrega-se sobre os ombros

As cargas de campanhas desastrosas

Fracassos de terríveis perdas

Daquilo que ficou pelo caminho

Letras escritas na madrugada

E que nunca verão a luz do dia

III

Quando se lança ao ataque

Com total abandono, de corpo e de alma

Se espera que o outro lado

Faça o mesmo. Possua este dever

Contudo, pode haver outra visão

Que acabará sendo a vitoriosa

E todo o arroubo de confiança

Glória, vaidade e doçura

Se esvai... se torna obsoleto

IV

Esta página é virada

Esquecida por uma parte

Rememorada por outra – cada vez mais

Isto prova que quando se ama

Não se faz necessário estratagema

Medir o próximo passo, o que dizer

Deve-se ir em frente

Ser o cavaleiro de alma imaculada

E amar – amar, com todo ardor

Mesmo que, no fim, tudo se esvaneça

Mesmo que, no fim, só reste lamentar!

2006

Hélder Sena de Sousa
Enviado por Hélder Sena de Sousa em 15/11/2024
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