Eterna infância
A INFÂNCIA
Ao abrir-se, a massa gris
Mostra-lhes estrelas
E a dama argêntea.
De um tronco forte,
Raízes abraçam o solo.
Orvalho em relva,
Galhos ao céu a balançar.
Aos passos do tempo,
Fez-se manto azul
E brisa marítima.
No alto do penhasco,
O orvalho apagou-se...
A grama dançava,
Crianças brincavam...
Ao arrebol, contemplavam o rei ígneo
E, debaixo do arvoredo,
Adormeceram.
– Acordem!... – a brisa soprou.
Sorrisos tímidos, mãos trêmulas:
promessa de eterno amor.
Por fim, os lábios se encontraram!
A SEPARAÇÃO
Foge da percepção o tempo, tudo muda:
A paz abandona a alma,
O riso morre em solidão!
Ambos distantes
Em tão fria saudade...
Vem a angústia
E dilacera o peito!
Os sonhos se vão, seguem a tempestade!
O pranto ecoa,
As lágrimas inundam o cerne...
Palavras em páginas,
Letras trêmulas e borrão!
Vão-se tristes,
Ao longe, os lamentos...
Os anos correm, afugentam o passado.
Memórias se apagam,
Enterram o amor.
Eis a nova vida
E tão belas mentiras!
Unidos a outros,
Choram a ilusão!
A ETERNIDADE
Após décadas, ressurge a infância.
Revivem suas memórias
E retornam à aurora!
Nos semblantes tristes,
As marcas do tempo.
Deságua em seus lábios
O rio de sal!
Erguem-se de suas camas, vão às ruas!
Despertam a insanidade,
Abraçam lembranças!
Apressam os passos,
Clamam seus nomes!
Buscam números
Já não longínquos.
A marcha cessa, o mundo emudece.
Seus olhos se encontram:
Amantes pueris.
O amor transborda,
Arrebenta o peito!
As bocas umedecem
Em terna carícia!
No leito se deitam,
Cobrem-se na morte...