Seresta infinda
hei de me prostrar à tua janela
profunda e elegantemente
noites após noites a fio
na minha mais secular forma
um laço emaranhado de lembranças
até que o cintilante perfume da Lua
infeste as pálidas maçãs do meu rosto
e até que as mais longínquas constelações
façam mossas no céu de minhas pálpebras
no gotejar de estrelas em mim, uma a uma
ali, desse abundante ar da infinita liberdade
eu quero e vou abarrotar os meus pulmões
pra que um supremo fôlego venha à tona
pra estender na voz um clamor de vento
num singular canto, uivante e adocicado
como o de fera ninando as amadas crias
e então adormecerás, tal a silente brisa
que sobrevoa o véu dos teus sonhos
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 13/11/24 --