Enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé
No campo vasto da vida, onde o sol desmaia,há quem monte, há quem traga a sela cheia, e aquele que, sob sombra, repousa e ensaia, esperando a vez de quem, sem querer, o incendeia.
Sou eu, forte e altivo, mas atento e sereno, ajudo quando a causa é justa, sincera.
Mas vejo vultos que, com um sorriso pequeno, pedem por conforto na fronteira da espera.
Cavalo dócil, segue firme, carrega o peso, enquanto outros, leves, descansam de qualquer labor.
São Jorge, cansado, no próprio caminho indefeso, lembra que, às vezes, é preciso o rumor do rigor.
Solidariedade, palavra de ouro, mas exige clareza.
Estender a mão, sim, sem esquecer a própria raiz.
Pois o valor de uma ajuda está na sua fortaleza, e ensinar a andar com os próprios pés , é o maior ato dessa nobreza.
Aos que pedem por tudo, sem nunca tentar, deixe o vento bater, o chão chamar os pés para dançar.
Pois enquanto houver cavalos prontos a carregar, haverá quem se deite, sem aprender a se levantar.
É justa a mão que guia, mas mais nobre ainda, é aquela que se solta, sem medo, de um dia a mente abrir.
Deixar alguém, que pode, errar, cair e se erguer infinda, a descobrir que o chão, ao toque, ensina a melhor forma de seguir em frente e se reerguer.