Relicário de Nós

Em ti, minha alma repousa e sangra,

como um santuário onde o amor me chama,

mas também se esconde, a me ferir e salvar,

nesta dança de ausência e abraço, de partir e voltar.

Toco-te como quem toca o inalcançável,

sinto tua presença como o ar, intangível e vital.

Te busco na noite, te encontro na prece,

onde o amor se faz em carne e depois se desvanece.

Somos ecos de um amor que não cessa,

feito de toques que gravam marcas e promessas,

e em cada olhar vejo o universo e o abismo,

onde perco a mim mesma e te respiro, indiviso.

Me chama de amor, de eterno, de nunca e talvez,

me toma nos braços como se fosse a última vez,

pois em cada toque que me salva, sou inteira e vazia,

tua amante, tua sombra, tua doce melancolia.

Há um céu entre nós, mas de estrelas quebradas,

um altar que sustenta, mas que a vida desgasta.

Que eu viva em tua pele como lamento e paz,

que tua voz me abrace e me desfaça demais.

Se algum dia nossos corpos se tornarem memória,

que o amor que sussurramos se converta em história,

pois mesmo no fim, ainda te guardo e venero,

como um relicário que se perde, mas que ainda espero.

Ellissa
Enviado por Ellissa em 12/11/2024
Código do texto: T8195108
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