Relicário de Nós
Em ti, minha alma repousa e sangra,
como um santuário onde o amor me chama,
mas também se esconde, a me ferir e salvar,
nesta dança de ausência e abraço, de partir e voltar.
Toco-te como quem toca o inalcançável,
sinto tua presença como o ar, intangível e vital.
Te busco na noite, te encontro na prece,
onde o amor se faz em carne e depois se desvanece.
Somos ecos de um amor que não cessa,
feito de toques que gravam marcas e promessas,
e em cada olhar vejo o universo e o abismo,
onde perco a mim mesma e te respiro, indiviso.
Me chama de amor, de eterno, de nunca e talvez,
me toma nos braços como se fosse a última vez,
pois em cada toque que me salva, sou inteira e vazia,
tua amante, tua sombra, tua doce melancolia.
Há um céu entre nós, mas de estrelas quebradas,
um altar que sustenta, mas que a vida desgasta.
Que eu viva em tua pele como lamento e paz,
que tua voz me abrace e me desfaça demais.
Se algum dia nossos corpos se tornarem memória,
que o amor que sussurramos se converta em história,
pois mesmo no fim, ainda te guardo e venero,
como um relicário que se perde, mas que ainda espero.