AMOR, REFLEXO DO INFINITO

Confesso, amor, que amei e amo,

Não a mesma, mas a que é um lar.

Três filhos, riso e um doce engano,

Meninas, menino, a vida a flutuar.

Descobri em seus olhos um novo brilho,

Um jeito distinto de amar e sentir.

A imagem que idolatramos, um trilho,

Da paixão carnal, um eterno existir.

Cuidar, cultivar, o amor se renova,

Mas o tempo, ah, como nos modifica.

Reinventar-se, uma pena que prova,

A alma que busca, a vida que edifica.

Conversas e erros, me anulo em você,

Assim como você, mãe, se anula em dor.

Dividimos as tarefas, é nosso viver,

Trocar fraldas, lavar, um eterno amor.

Busco, amor, algo além do que há,

Transcender o físico, seremos amados.

Não sou marionete, o que sei é amar,

Nuvens e estrelas, sonhos entrelaçados.

Às vezes, em valsas, a lágrima cai,

Olhos que se encontram, promessas no ar.

Amar por amar, sem troca, eu não sei,

O amor em Coríntios, um novo olhar.

Egoísmo e cegueira, um ciclo sem fim,

Nos conforta o que convém, a dor se esvai.

Mas no fundo do peito, um grito assim,

Procuramos amor, que nunca se vai.

A vida é um jogo onde amamos e perdemos,

Mas há algo maior que nos faz renascer.

O amor que se vive nos faz mais pequenos,

E, ao mesmo tempo, nos ensina a crescer.

Por isso, amor, sigo a busca incessante,

Em cada gesto, um reflexo do que sou.

Amar é um ato, não um instante,

É o que nos une, é tudo o que eu vou.

Nos braços da vida, entrelaçados,

Construímos o novo, o que há de ser.

E mesmo com dores, os passos marcados,

O amor é a luz que nos faz renascer.

Assim, confesso, e ainda amo,

Nessa troca eterna de dar e receber.

O amor é o laço, o sublime engano,

E em cada batida, eu sei, vou viver.