Espelho d'Água
Em margens que se observam e se absorvem,
rios transbordam, se abraçam, em um mar largo se rendem.
Na fluidez dos olhos que entrelaçam, e se despem,
a languidez envolve e derrete, mergulho profundo,
respiro e me afogo, embriaguez da alma e do ventre.
No refazer límpido das nascentes,
correntes libertam o choro, o gozo,
inundam o mundo e o poço, feito enchente.
No fluxo dos líquidos, a verdade do que somos,
vislumbre do sonho, reflexo no espaço
realidade do instante que acontece.