O amor...memória e continuidade do divino em nós
O amor não admite álibis ou desculpas esfarrapadas
Mais que sentimento ou afeição é ação.
É compartilhar o existir com paixão pela vida.
É romper barreiras do eu ensimesmado,
Abertura radical ao encontro com o diferente de mim.
No corpo faminto, alquebrado por dores e sofrimentos
Necessariamente precisa expressar-se em atitudes.
O amor é mais que instinto ou parte de nossa natureza animal.
Persiste em meio a guerras, muitas vezes mendiga nas ruas da cidade
Em arrogantes pregadores que anunciam um deus sem coração...é uma ausência.
Uma urgência ... ainda que tantos se omitam diante de tantas ameaças.
Flor sem defesa...dos resilientes que nunca se entregam apesar do mal.
É de sua natureza ser semente, broto, gesto fraterno, acolhimento.
No amor nem sempre as palavras encontram seu caminho
Muitas vezes acabam por soarem vazias, jogadas ao vento.
O olhar de quem ama é diferente é presença
Toque que acaricia e aquece a alma.
O eu e o tu num constante vir a ser nós.
Cuidado que abarca um mundo.
O amor não se resume ao toque que excita o corpo que deseja.
É ir além da palha que o fogo consome e o tempo destrói.
Revela-se quando multiplica encontros que ultrapassam a você e a mim.
Alcança os demais seres na construção de uma harmonia
Dos diferentes, diversos, mas igualmente fundamentais.
Entrega, ternura, esperança...memória e continuidade do Divino em nós.