Oceano...

Eu poderia contar todas as estrelas no céu,

Isso não me daria o tempo necessário para proporcionar o espaço que o meu corpo pede pelo teu.

Eu poderia visitar todas as galáxias de três universos,

Isso não seria a justa razão para reparar o tempo que a minha alma anseia pela tua.

Eu poderia esperar por incontáveis eras,

Admirar absorto a reconstrução do todo a partir do nada,

Ver Deus brincar de fazer estrelas, nebulosas e todas as forças que regem as mais profundas estruturas do universo,

Mas nada se compararia ao dia em que você foi concebida.

A intensidade de tua voz pode destituir e constituir principados, reinados e impérios.

O teu sorriso, isso eu não poderia dizer!

Certas palavras Deus não consentiu aos homens.

Nem mesmo os anjos,

Em sua pureza celeste,

Poderiam conceber os termos exatos que seriam necessários para narrar a natureza quintessencial do teu sorrir.

Eu poderia viver desgraçadamente a minha vida inteira para apenas te tocar,

Mas isso seria ínfimo.

Que importância tem uma gota de chuva ácida quando comparada à vasta imensidão do oceano?

Eu te desejo mais do que o meu corpo pode tolerar,

É muito além do limite,

Ultrapasso fronteiras.

Eu, humano, não tenho alma para ancorar o tipo de sentimento que a tua mera imagem refletida inspira.

Eu sou muito pouco diante do tudo que você é.

E é por isso que eu te peço perdão, meu oceano,

Pois te desejo tal qual um vassalo deseja a filha do rei,

Assim como a lua anseia pelo sol.

Eu sou a pequena caravela ancorada no cais da vida,

Apenas contemplando a beleza das águas profundas.

Eu ouso amar você.

Álvaro Duarte
Enviado por Álvaro Duarte em 06/11/2024
Reeditado em 07/11/2024
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