Teu Nome
Eu ouvi o teu nome
era a noite o sussurrando,
mas eu não tinha certeza de que era, de fato, o teu nome.
Eu não poderia, ou deveria, escutar os ventos sussurrarem algo assim feroz.
Poucas coisas que sentimos ou vemos nos permitem compreender o quão pequenos somos,
o quão imenso e infinito é o universo e tudo dentro dele,
mas você me faz sentir... e outra vez... e forte...
mesmo sem querer, pois faz parte do que é delicadeza em ti.
Vejo como são profundos e instáveis os caminhos da razão e da emoção.
Talvez o que aprendemos a chamar de amor e paixão não seja lá "a coisa em si",
mas o que seria, então? Eu não sei, e aceito que jamais serei capaz de entender.
Então, tolo e ousado, eu tentei repetir a voz que cantava o teu nome, mas eu não podia!
E eu conheci, pela primeira vez, como um primeiro beijo, o que era o proibido.
E eu me vi pisando na linha amarela da estação.
Eu disse o seu nome, baixinho, apenas para as estrelas ouvirem,
murmurando, eu o repeti algumas vezes,
com lânguida saudade, lábios secos e o coração acelerado.
Feito um menino, perdido no escuro de uma noite fria,
desejando que minha voz, de alguma forma, fosse ouvida por um anjo distraído.
Eu nunca estive aqui, não neste lugar em que estou agora.
Eu me tornei o carrasco dos meus próprios juízos,
do jugo que eu nunca reconheci em mim.
Você já tentou tocar uma estrela?
Você já desejou tocar uma?
Seria possível não se queimar?
Não explodir por dentro e por fora?
Proclamo o sol que alimenta a vida,
assim como a tua imagem alimenta os sonhos outrora infantis,
agora velados e infeccionados.
O coração ainda pulsa,
o sangue correndo em meu corpo, pulsando na palma de minha mão.
A alma de um pobre Azevedo,
pútrida e apaixonada pelo fantasma de um futuro impossível.
E eu me odeio por isso, eu queria te odiar, talvez assim fosse mais fácil,
eu queria esquecer...
Eu preciso esquecer.
"Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!"