Ternura
Perde a ternura...
Quem só vê as amarguras vividas
Quem comeu poeira na estrada...
E esquece das delicadezas recebidas
Perde a ternura...
Quem não percebe no trabalho...
A sua própria honra e dignidade!
E não entende que é possível...
Recomeçar todos os dias
Perde a ternura...
Quem duvida da força do amor
Como combustível da própria vida
E que o outro é seu próprio espelho
Esquecido olha só pra seu próprio umbigo
Perde a ternura...
Quem descrê que a poesia
Empresta magia aos seus dias
E é prisioneiro da inveja
Não reconhecendo na arte o seu mérito
Perde a ternura...
Quem está refém da vaidade
E vê em tudo maldade
Não mais se encanta com o sorriso
Ou não se indigna com a injustiça
Perde a ternura
Quem não se encanta com o por do sol
Ou não olha mais para o brilho das estrelas
Nem se comove com a luminosidade da lua cheia
A alegria...o riso gostoso de uma criança
Perde a ternura...
Quem não navega seus sonhos
Surfando nas ondas do mar
Nem se sensibiliza com a miséria
Não dá atenção e ajuda à velhice
Guarda para si o conhecimento e não o socializa
Perde a ternura...
Quem não se delicia com uma prosa
Nem protege a mãe natureza
Não vibra de satisfação com uma vitória
Não namora mais de mãos dadas
Perde a ternura...
Quem não gosta do cheiro de terra molhada
Nem acredita que é possível um mundo novo
Ou vai...sem fé nos seus projetos e sonhos
Perde um amor e não vai atrás de outro
Perde a ternura...
Quem só vê os erros dos outros
E não percebe seus próprios defeitos
Sim! Perdemos muito tempo...
Por isso a ternura está triste...solitária
E ela é a mais bela de todas as verdades
Hildebrando Menezes