SOMOS SILENCIOS II

Somos silêncios presos em molduras

E também vozes em gritos inaudíveis.

Somos todos reféns das conjecturas

E também solidão de asas incríveis.

Somos silencios que o tempo revela

Em fotos e lembranças guardadas de nós.

E, ao mesmo tempo, um querer que atrela

A esperança em um murmúrio à sós.

Presos em molduras, também somos fuga,

Na sombra dos dias e no eco da vida,

Refletindo sonhos que o tempo conjuga

Num vazio que, ao longe, guarda a partida.

E assim, somos livres e presos na dança

Ora, a solitude no vento que passa,

Ora, uma chama que não se cansa...

Somos o paradoxo que a todos abraça.