LAMENTO EM SI

No porão da noite guardei teu nome,

Entre frases antigas e fotografias.

Assim como os dias que me consome

Guardei tristezas e alegrias.

Guardei teu beijo, ah! último solfejo

De uma quimera que me inspirava

E no torso nú, tuas espáduas

Ficou entre quadros, emoldurada.

Meus frágeis braços em tua cintura,

Lânguidos num poema amarelado,

Pelo tempo terrível de frases duras,

Imperfeitos no pretérito passado.

E agora espio pela chaga aberta

O vão que há no esquecimento,

Porque minh`alma vagueia incerta

Nas partituras desse lamento.

Como essa noite inacabada

Também a música se faz ausente,

Como o amor que se acaba em nada

E a tristeza que a alma sente.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 27/10/2024
Reeditado em 28/10/2024
Código do texto: T8183090
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