LAMENTO EM SI
No porão da noite guardei teu nome,
Entre frases antigas e fotografias.
Assim como os dias que me consome
Guardei tristezas e alegrias.
Guardei teu beijo, ah! último solfejo
De uma quimera que me inspirava
E no torso nú, tuas espáduas
Ficou entre quadros, emoldurada.
Meus frágeis braços em tua cintura,
Lânguidos num poema amarelado,
Pelo tempo terrível de frases duras,
Imperfeitos no pretérito passado.
E agora espio pela chaga aberta
O vão que há no esquecimento,
Porque minh`alma vagueia incerta
Nas partituras desse lamento.
Como essa noite inacabada
Também a música se faz ausente,
Como o amor que se acaba em nada
E a tristeza que a alma sente.