ALGEMAS DO TEMPO
Algemas do tempo
Vivo acorrentada ao passado
Não consigo me desvencilhar
Vivendo das poeiras de estrelas
Que só me fazem orbitar meu pensar
São minha aliança de noivado
De um nunca poder se acabar...
Passado das mil loucuras da paixão
Eternamente fincadas como estacas no coração
Amarrada, amordaçada, inerte a recordar
Loucas loucuras que fizeram meu sonhar
Debulhando lágrimas, um pinga-pinga sem cessar...
Algemas que me amarram, que eu incapaz
De voltar e me soltar, só algemada pra reviver
Com teu olhar, gotas do mais puro sentimento
Algoz és tu que me crucificas nas ondas deste amor
Semblante de um passado tão fugaz e enganador...
Grilhões das tuas promessas, de sensações tão diversas
Que quando sorrias eu sofria das tuas ironias
Mas dos enlevos das tuas fantasias, eu queria
Que o mundo cá fora explodisse e me amaldiçoasse
Se eu estava sendo feliz era o que me importava
Meu amor era uma tentação e isso me bastava...
E eu fui me rastejando e escravizando,
Fui aos poucos me anulando, só comigo pensando
Algemas da minha alma sedenta de tanta promessa
Num amor louco, sedutor alcoviteiro de minhas preces
Pra retirar amargos sentidos rezando, mas te desejando...
O tempo vai e vem numa corredeira sem fim
E eu atada com minhas algemas sofrendo
Mas querendo sempre todas pra mim
Pois elas são meus sonhos de você
Sem elas não posso jamais viver
Porque sem você, melhor morrer...
Myriam Peres