Surrealidade
São silêncios que saem desta boca,
palavras como lanças pontiagudas.
Transmutam-se na boca diminuta,
distante se vão os ecos das palavras.
Elevam-se suaves pelos ventos,
perturbando ouvidos distantes,
penetrando profundamente pensamentos
nas tardes quentes de phallus fecundos e animantes.
O tempo passa, cheio de ondas;
seus uivos denunciam sua jornada.
Meu Deus, alguém disse que a Terra não é redonda
e que toda surrealidade não é nada.
De longe, vejo esta contenda e penso que tenho
a sorte (ou o azar) de viver neste mundo.
Com as mãos, faço um desenho na areia,
e desfaço-o com um lento assopro profundo.
Agora, apenas lágrimas rolam em verdade,
rosas molhadas salpicadas de vermelho,
quando ao chão caem seus joelhos,
encharcando o solo com as dores da saudade.