Batom borrado
Amores impossíveis sempre renderam os melhores romances
O mal do século verdadeiramente foi a mania de sonhar regado a vinho e juventude
A poesia contra a concretude
Pensar na sociedade e querer todos os ritos quebrar
Quero sentir a madrugada e suas horas vazias
Pegar sua mão, sentir sua pele macia
Declamar versos recém-nascidos sem medo de ser ridículo
Ouvir suas palavras no amanhecer do dia
Batom borrado
Uma taça, um cigarro
Aventuras de um romantismo com problemas pulmonares
Que cravou em nossa alma uma leve irresponsabilidade
Liberdade que gostosamente gosto de aproveitar
Tudo é ridículo
Tudo é temerário
A vida é sempre um risco
O amor é arbítráreo
Mas o batom continua ileso
Continuo sonhando em borrá-lo
Conversas de portas batidas
Não entrelinhas
No imaginário
Encontro de olhares
Cumprimentos no trabalho
O sentimento é contido
E o batom não foi borrado