SONETO DA FOME
Tenho a mesma vontade da tua vontade.
Por isso, vivo te procurando nos versos
quando não te encontro na rua, nos cafés,
na luz do ocaso, antes de chegar a noite.
Ando faminto do teu desvelo, tantas vezes
por ti revelado pela boca e flor diuturnas.
Meu apetite pede para comer teus raios;
A luminância do teu corpo me queimando.
O sorriso, tua substância de pão, me faz falta.
Assim como a tua boca dizendo a inspiração.
Como-te, na dor da memória, a fartura da flor.
Quero-te com a arrogância do corpo insone,
para desfazer a solidão do deserto noturno,
consumindo a formosura que dissipa a fome.