Sem Fundo

Não há cor nas verdades do mundo,

nem no transcender, filosofal.

O imaginário que se encontra no fundo

é saco de gatos, sem açúcar ou sal.

Não existe razão para as origens,

muito menor ainda a razão para o final.

Dizer que sim é dizer que finge, pois

são olhos que olham pela fechadura de um portal.

Se no mar profundo surgiu o instante,

e toda a força que este instante contém,

a história conta outra história adiante,

que o instante é a estrela de Belém.

No princípio eu tinha tanta fome,

tanto na noite, quanto no dia,

fome a ponto de sonhar devorando o universo.

Hoje faço versos no anverso antes que tomem

da minha boca totalmente vazia

pois a língua está esquecida dentro de um graal.