Paciência
Espero, paciente,
Que surja em ti,
Como em mim surgiu,
A clara certeza,
A límpida sensação,
O puro desejo,
De que deveríamos estar juntos,
Como juntos estivemos,
E como juntos
Agora
Desejaríamos estar.
Espero, paciente,
Que teu orgulho saia da frente
E que a saudade tenha passagem direta
Ao teu coração;
Que,
lá estando,
Te aqueça o peito,
Te angustie o coração o tédio de não me ter ao lado,
E que, por fim,
Te faça soltar aquelas palavras
antes presas pelas correntes inquebráveis do teu orgulho,
Que tu mesmo forjou;
Aquelas palavras que tanto desejei ouvir de ti, meu amor...
Palavras deliciosas como Jucurutu,
Que me acariciavam os ouvidos,
Mas que tu mantinhas,
Todavia,
Caladas!
Enjauladas como criaturas selvagens!
Elas, que soltas
só provocariam ternura.
Espero paciente
O dia em que o tempo se fará visível para ti,
Em mais um fio branco em teus lindos cabelos negros,
Ou em mais uma ruga marrom
Em teu lindo rosto azeite,
E
diante dessa certeza indubitável de nossa infeliz mortalidade,
Tu não te acanhes
Em me escrever,
Me ligar,
Me buscar nos corredores que bem conhecemos,
Pois,
Te prometo,
Onde quer que eu esteja,
Esteja como for,
Estarei, todavia,
E toda vida,
esperando o teu chamado,
Paciente.
Espero, paciente,
Meu amor,
Que nosso amor
nunca acabe
Antes do fim.
20 de outubro de 2024, Natal/RN