O Processo Sigiloso

Em meio às paredes do fórum

tu caminhas em silêncio discreto,

olhares cúmplices trocados no instante,

quando o tempo parece suspenso,

em breves gestos de segredo

onde o proibido encontra morada,

e nossos mundos se tocam de longe.

As leis e papéis seguem o fluxo,

mas nossos corações, rebeldes,

desviam-se das regras impostas.

No vazio de um corredor distante,

um toque de mãos não dado,

um suspiro que escapa

como promessa de algo eterno.

Tua presença é chama oculta,

entre os julgamentos e códigos,

um desejo que cresce nas sombras.

Os olhos falam o que a boca cala,

no labirinto de decisões alheias,

nos tornamos cúmplices do destino

que insiste em nos separar.

Cada palavra trocada,

no silêncio da rotina

é um passo além do permitido.

Não há sentenças que quebrem

essa conexão invisível,

onde dois mundos se encontram

sem jamais colidir de fato.

Às vezes te observo de longe,

nas mesas cheias de papéis e discussões,

teu rosto guarda segredos que não confesso,

teu riso tímido, uma confissão.

E mesmo na distância imposta,

há um calor que atravessa o tempo,

ecoando o que não se pode falar.

A vida segue suas normas,

mas em cada encontro furtivo,

recriamos a realidade.

Nos olhos alheios, somos estranhos,

mas em nossas almas, somos tudo.

No espaço que ninguém vê,

construímos um universo só nosso.

E assim, entre audiências e julgamentos,

navegamos nesse mar de incertezas,

tua aliança brilha, mas não apaga

o que acende em nossos corações.

No fórum, entre dever e desejo,

seguimos nosso caminho impossível,

sabendo que, em segredo, somos livres.

João Paulo Leal
Enviado por João Paulo Leal em 11/10/2024
Reeditado em 11/10/2024
Código do texto: T8171086
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