Para quem ama de verdade
Amores líquidos correm rápido,
escorrem pelas mãos como água,
flutuam em promessas leves,
evaporam ao primeiro calor.
Eles vêm e vão como brisa de verão,
frios, passageiros,
um toque na superfície
que nunca alcança o fundo.
Mas amar de verdade...
Ah, isso é outra coisa.
Amar é mergulho sem volta,
é afundar sem medo no oceano de uma alma
e descobrir que o fundo é infinito.
É se conectar além da pele,
além dos gestos fáceis,
enxergar a essência,
o que ninguém mais vê.
Amar é transcender o que é visível,
é enxergar no outro
um espelho de algo divino,
uma conexão que nenhuma maré apaga.
O amor que é de verdade
não se dissolve em desencontros,
não seca nas ausências,
ele fica.
Ele cresce nas entrelinhas,
se fortalece no silêncio compartilhado
e, quando o mundo vira caos,
ele é o fio que mantém a alma no lugar.
Amar assim não é escolha,
é destino.
É saber que, em meio ao líquido,
encontramos a rocha firme,
a base que sustenta,
a certeza que não desmorona.
Porque o amor que transcende
não vive na superfície,
ele nasce nas profundezas
e se eleva ao eterno.