Rosa Roubada

Tão perto e tão distante

Eu poderia tocar o seu rosto

Não!

Eu juro que só queria tocar o seu rosto,

Experimentar fragmentos de tardes ouvindo o som da sua voz,

Tornar-me conhecido à palma da sua mão,

Aprender a reconhecer teu cheiro de flor

E, quem sabe, conseguir preservar um pouco dele em mim,

Para quando eu caminhar entre outras flores, lembrar de ti.

Devaneio que poderia sentir o peso da chuva molhando teus cabelos,

Permitir-me entrar sem culpa, sentir sem medo.

De alguma forma, ser correspondido, mesmo sem qualquer intenção de amor ou eterno,

Poder — ainda que apenas por lascívia — ver o sol nascer entre os teus dedos, surgindo de dentro de ti.

Abrir os portais para um mundo esquecido e desprezado,

Entender o segredo dos lírios e a culpa das rosas que não nasceram nos campos,

Embrulhar essa saudade que eu ainda não sinto de ti e guardar no fundo do teu coração.

Mas eu sou e devo ser como a água,

E o exício é a minha única e mais sincera promessa para este amor.

E por mais que eu deseje conseguir lembrar de você sempre que eu sentir o cheiro de uma flor,

Culpado, eu escutarei os sinos mudos da igreja e me lembrarei de que precisei partir.

Eu vou dizer adeus.

Álvaro Duarte
Enviado por Álvaro Duarte em 01/10/2024
Reeditado em 18/01/2025
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