Rosa Roubada
Tão perto e tão distante
Eu poderia tocar o seu rosto
Não!
Eu juro que só queria tocar o seu rosto,
Experimentar fragmentos de tardes ouvindo o som da sua voz,
Tornar-me conhecido à palma da sua mão,
Aprender a reconhecer teu cheiro de flor
E, quem sabe, conseguir preservar um pouco dele em mim,
Para quando eu caminhar entre outras flores, lembrar de ti.
Devaneio que poderia sentir o peso da chuva molhando teus cabelos,
Permitir-me entrar sem culpa, sentir sem medo.
De alguma forma, ser correspondido, mesmo sem qualquer intenção de amor ou eterno,
Poder — ainda que apenas por lascívia — ver o sol nascer entre os teus dedos, surgindo de dentro de ti.
Abrir os portais para um mundo esquecido e desprezado,
Entender o segredo dos lírios e a culpa das rosas que não nasceram nos campos,
Embrulhar essa saudade que eu ainda não sinto de ti e guardar no fundo do teu coração.
Mas eu sou e devo ser como a água,
E o exício é a minha única e mais sincera promessa para este amor.
E por mais que eu deseje conseguir lembrar de você sempre que eu sentir o cheiro de uma flor,
Culpado, eu escutarei os sinos mudos da igreja e me lembrarei de que precisei partir.
Eu vou dizer adeus.