A Paixão do Anão
A Paixão do Anão
Guardo na memória
A conversa que eu tive com um anão.
Lembro-me de sua história,
De sua profunda dor, sua paixão.
Quando na escola ele estava,
Estudava
Perto de uma loirinha.
Ela não era pequenininha.
Ao pé do ouvido conversavam,
Todos comentavam,
Bem ou mal,
No final,
Coisas da vida.
Foi quando o amor venceu:
Escondida,
Ela nele um beijo deu.
(Ele me disse:
-Naqueles poucos meses pude sentir o que é ter uma vida normal. Mas eu sabia que teria fim. Pensava comigo:
-Por que eu? Por que não nasci como um outro qualquer? Minha adolescência teve ao menos um toque de alegria, algo que só sentiria novamente após muitos anos ao casar com minha amada esposa. Ela, assim como eu, conhecia esse sentimento. Todo sofrimento tem um fim, mas até ele chegar, a memória traz a saudades daqueles momentos incríveis e a bela recordação se torna uma tristeza, o desespero aparece e nos domina. A solidão nos abraça e assim pensamos o impensável, que viver não vale a pena. Após andar no deserto do abandono, areias feitas de tempo, futuro, ela me alcançou. Eu, por muitos anos, pensei que iria viver só. Mas a alegria veio mais do que como um lago, veio como uma pequena fruta doce chamada Laís.)
Segredo descoberto.
Zombarias bem perto.
E os fios loiros aos poucos se afastaram,
Aquele coração tão grande abandonaram.
A alma humana as vezes se diverte com a tristeza.
Talvez seja natural,
Esse mal,
Ou talvez apenas ausência da Beleza.
(Observação:
ele falou que pode chamá-lo sim de anão).